11 de fevereiro de 2009

O carro mais barato do país


Avaliados, nas ruas de São Paulo, o chinês Effa M100

Effa M100 é o carro mais barato do Brasil (R$ 22 980), mas não teve muita atenção do público. Tudo bem que a estratégia da marca chinesa é ganhar o gosto dos consumidores apenas com a divulgação pessoal, sem grandes propagandas em emissoras nacionais etc. Mas só isso justifica o baixo nível de vendas que o modelo teve em seus primeiros meses de vida em solo tupiniquim? Certamente não. De acordo com a Abeiva (Associação Brasileira de Empresas Importadoras de Veículos Automotivos), foram comercializadas apenas 44 unidades em agosto, totalizando 144 carros em 2008.

Isso mesmo com o apelo de ser o modelo de mais baixo custo em todo o país, com itens de série (o M100 não tem opcionais) como ar-condicionado, faróis de neblina, rádio com CD player, trava elétrica em todas as portas, vidros elétricos nas portas dianteiras, entre outros. Mas é preciso ter calma. Esses pontos citados são realmente interessantes e podem levar muita gente a adquirir o novo Effa (que no exterior se chama Ideal, mas no Brasil precisou mudar de nome para não ser confundido com o Idea, da Fiat). Por outro lado, nosso papel é falar da realidade que encontramos ao dirigir o automóvel. Vamos a ela.

Conforto e porta-malas


Apesar de aparentemente ser um automóvel pequeno, suas medidas não são tão reduzidas – 3,56 m de comprimento, 1,60 m de largura, 1,67 m de altura e 2,33 m de entreeixos. Por isso, quem está dentro do M100 não sofre – ao menos pelo tamanho. O motorista fica em uma posição interessante, tendo uma ótima visão, sem muitos pontos cegos, mas o assento não é o que podemos chamar de confortável. Também vale ressaltar as posições dos pedais. Com o acelerador muito para trás, o motorista acaba freando com a parte central do pé.

Para os passageiros, tanto no banco dianteiro quanto no traseiro, o modelo não chama a atenção negativamente. Muito pelo contrário: é possível viajar com conforto em ambas as partes do automóvel. O porta-malas conta com um número interessante: 320 litros. Mas isso se torna algo ainda mais positivo quando rebatemos os bancos traseiros, sendo que o espaço para a bagagem aumenta para 904 litros. Ou seja, em viagens, o consumidor não sofrerá – ao menos nesse ponto – com o M100, já que suas malas ficarão bem guardadas.


Acabamento



Chegamos a um ponto negativo do M100. Tudo bem, trata-se do automóvel mais barato do Brasil – mais em conta até que um Fiat Mille, que custa R$ 23 240 sem opcionais. Mas isso não justifica um acabamento tão aquém do esperado.

A textura do plástico no painel bicolor (cinza e azul) até busca um ar de qualidade, mas não consegue ter muito sucesso. Os botões do console central também não conseguem transmitir boa impressão. Poderiam ser mais caprichados, principalmente se considerarmos que a marca tentou dar toques charmosos a alguns pontos, como o relógio digital na parte superior do painel, o mostrador de quilometragem com mesma tecnologia em frente ao motorista, entre outros.
Essa quantidade de materiais de qualidade abaixo da esperada, unida a uma montagem não muito precisa, cria um conjunto de pequenos sons que podem incomodar os ouvidos dos motoristas mais detalhistas. Os rangidos aparecem em vários pontos do habitáculo e podem gerar um desconforto auditivo nos presentes.

Dirigibilidade e consumo


Esse quesito surpreende em dois pontos, tanto positiva quanto negativamente. A direção não é hidráulica, mas fica bem leve até mesmo com o carro parado. Isso se deve ao baixo peso do Effa, que tem apenas 930 kg. O motor de 4 cilindros é ágil, mesmo tendo só 47 cv de potência e um torque máximo de 7,4 kgfm. Como a relação de marchas foi definida para uso urbano, com as primeiras sendo mais curtas e as últimas, mais alongadas, o propulsor não torna a dirigibilidade sofrível. Na estrada, uma surpresa: mesmo com o automóvel tendo uma velocidade máxima de 120 km/h, o M100 não parece fazer tanto esforço para andar a essa velocidade em rodovias, atingindo, em pontos de declive, números até superiores.

O câmbio não tem engates precisos. Muito pelo contrário. Ao acionar a 3ª marcha, por exemplo, é preciso procurar o ponto certo. O que realmente decepcionou, contudo, foi a suspensão, muito mole, fato que torna o modelo até perigoso em situações extremas, como desvios inesperados.

Ok, a proposta do M100 é ser um carro pequeno e urbano, mas exageraram na maciez das molas e isso acaba tirando a estabilidade do veículo. O Effa é feito para andar na cidade, onde isso já pode se tornar um motivo de preocupação, mas na estrada a apreensão fica ainda maior.

Apesar de o veículo ter um peso baixo e um motor com poucos cavalos, o consumo não é um ponto que se destaca. Em trajeto urbano, o compacto gastou muito: rodou apenas 7,6 km/l com gasolina no tanque (o motor não é flex). Na estrada, o consumo também não foi boa: 9,6 km/l. A média ficou abaixo dos 9 km/l, um fator inesperado em um modelo que prima pela economia.

Design


Vamos deixar claro: o M100 é um carro chinês e, como não poderia deixar de ser, tem visual de carro chinês. Redundante? Não. É apenas algo facilmente notável ao ver o modelo. O acabamento externo parece seguir o padrão da parte de dentro do veículo, mas o desenho geral não desagrada. No trânsito, inclusive, o Effa vira centro das atenções. Só resta saber a opinião das dezenas de pessoas que, a cada rua ou avenida, não tiram os olhos da novidade.


Conclusão e mercado

O Effa M100 chegou ao Brasil com a fama de ser o automóvel mais barato do país. Ele conta com diversos itens interessantes de série, mas o preço logo fica justo quando pontos negativos começam a aparecer. A dirigibilidade lembra um carro usado, mesmo sendo 0 km. Portanto, se você pretende comprar um veículo novo sem gastar muito dinheiro e está disposto a arriscar ter em mãos um modelo que ainda não ganhou confiança entre os brasileiros, mas conta com um motor ágil para a cidade e diversos itens de série que podem o fazer feliz, o M100 é uma opção.

Por outro lado, se você gosta de automóveis com certa quilometragem e durabilidade mais
assegurada no mercado, o Effa não é ideal: a sensação de qualidade de construção transmitida fica longe do desejável. Além dos motivos citados anteriormente, a marca tem apenas seis revendas no Estado de São Paulo (até o fim do ano, deverão ser abertos mais três pontos-de-venda). Ou seja, um número que está muito longe do apresentado pelas companhias que já chegaram há algum tempo ao Brasil.

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