Neurociência desdobra o intelecto humano em múltiplos tipos e defende a necessidade da "ginástica cerebral"
Ela começou a ler com 2 anos, observando o abecedário estampado em uma embalagem de comida. Ainda na pré-escola, com 3 anos, lia os nomes dos colegas e ajudava a professora a distribuir os cadernos em sala.
Aprendeu sozinha. Uma das campeãs olímpicas de matemática do Brasil, a estudante Déborah Barbosa Alves, de 17 anos, é considerada um gênio do raciocínio lógico-matemático.
“Ela estudou nos melhores colégios e sempre consegue bolsa”, afirma a mãe, a microempresária Marina Barbosa Alves, de 58 anos.
Déborah acaba de voltar ao Brasil com uma medalha de bronze conquistada em uma das mais disputadas olimpíadas de matemática do mundo, na Romênia.
“Esse é o tipo de inteligência culturalmente mais valorizado, devido à educação ocidental, mas existem múltiplas outras”, explica Kátia Stocco Smole, doutora pela Universidade de São Paulo (USP) em matemática e especialista em teorias da inteligência.
A estudiosa lembra que, durante muito tempo, só era considerado inteligente quem fizesse uma pontuação acima da média em testes de quoeficiente de inteligência (QI).
Mas, na década de 90, o psicólogo norte-americano Howard Gardner, professor da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, revolucionou o conceito com a “teoria das inteligências múltiplas”, identificando basicamente oito tipos de inteligência (veja quadro na página ao lado).
Assim, uma pessoa pode não ter um raciocínio lógico-matemático fora do comum, mas pode ser um gênio em música, linguística ou em alguma atividade corporal, como no caso dos atletas olímpicos.
No livro “Teoria das inteligências múltiplas”, Gardner justifica o termo:
“Múltiplas para enfatizar um número desconhecido de capacidades humanas. Para salientar que essas capacidades eram tão fundamentais quanto aquelas capturadas pelos testes de QI”.
“Essa teoria amplia o campo de visão sobre como identificar uma pessoa inteligente. Hoje, com estudos da neurociência, podemos até saber como desenvolver uma área da inteligência, que pode ser trabalhada durante a vida”, conta Kátia.MEDALHISTA: para
Além de desvendar outros tipos de inteligência, a teoria de Gardner desbanca o mito de que quem é bom em ciências exatas não vai bem em ciências humanas e vice-versa.
O escritor e cartunista Leandro Leite Leocádio, de 36 anos, que pertence ao Mensa, uma associação mundial com braço no Brasil e que reúne pessoas com QI altíssimo, chega a ler cinco livros de uma só vez, aprendeu sozinho cinco idiomas e já escreveu três obras.
Nem por isso tirava notas baixas nas matérias de exatas durante o período escolar. “Eu não estudava, aprendia as coisas rápido demais.
Uma vez usei uma fórmula inédita na prova de física que me rendeu uma nota alta, mas levou a professora a achar que eu tinha colado. Na verdade eu tinha deduzido a fórmula”, conta.
Um dos mais respeitados neurocirurgiões do País, Paulo Bertolucci, professor da Universidade Federal de São Paulo e estudioso do tema, cita as mais recentes descobertas sobre o assunto, que mostram que pessoas mais inteligentes usam menos o cérebro para resolver problemas.
“Conseguimos ver o quanto a pessoa usava (do cérebro) pela queima de glicose durante a atividade.
Pessoas mais inteligentes usavam menos o cérebro, pois tinham um uso mais eficiente”, conta.
Para ele, uma pessoa pode melhorar sua capacidade em alguma área com estudo e dedicação, “mas quem se dedica a alguma atividade ou jogo somente ficará apto a melhorar naquilo, e não em outras áreas cerebrais.
Além disso, quem estuda música e não tem aquela aptidão nata jamais vai se tornar um gênio”, avalia.
Celso Antunes, especialista em cognição e inteligência e autor de mais de 40 livros sobre o tema, afirma que todos podem ficar mais inteligentes, desde que se dediquem a uma ginástica cerebral, por meio de jogos de raciocínio.
O discurso dele é um verdadeiro alívio para quem não nasceu com tal aptidão. “Na academia, se a pessoa levantar um peso uma única vez, não perceberá efeito nos músculos.
Com o cérebro é igual. A pessoa tem que exercitar sempre, para que ele faça as conexões e se desenvolva. Todos podem ficar mais inteligentes, mas nem todos chegam à genialidade”, afirma.
Ele diz que o cérebro é capaz de responder a estímulos desde que a pessoa ainda é um feto até os 80 anos. “É claro que durante a infância as respostas são mais significativas”, relata.
Ele explica ainda que o grande processo de estimulação das múltiplas inteligências definidas por Gardner acontece até os 14 anos.
“A inteligência linguística, que permite aprender idiomas, tem a maior janela aberta entre os 2 e os 5 anos. Já a inteligência emocional pode ser melhor estimulada entre os 12 e 13 anos”, completa. De toda forma, exercitar as próprias aptidões é sempre positivo.
Olimpíadas do raciocínio
Competição dedicada a estudantes de escolas e universidades, a Olimpíada Brasileira de Matemática quer incentivar o raciocínio e revelar talentos.
O torneio está na 32ª edição e recebe inscrições de alunos das redes pública e privada a partir do 6º ano do ensino fundamental. Os melhores colocados são indicados para olimpíadas que acontecem pelo mundo, como a da Romênia, ocorrida recentemente.
O professor Carlos Shine, líder da delegação brasileira de estudantes que vão ao exterior para competir, enfatiza que o nível dos alunos brasileiros só tem melhorado.
“Sou constantemente surpreendido. Eles têm muita criatividade e acham soluções muito melhores do que as que eu encontraria para os problemas”, comemora Shine.
Os 10 tipos de Inteligência.
Lingüística
Você gosta de palavras e histórias. Os jogos de palavras o intrigam e você é um leitor ávido. Tem um bom vocabulário. Provavelmente gosta de aprender novas línguas. Você gosta de escrever e é capaz de lembrar lista de palavras e de contar boas histórias.
Matemática (ou lógico-matemática)
Você busca entender relações entre coisas diferentes. Você gosta de figuras, problemas abstratos, jogos de desafios e quebra-cabeças. Aprecia padrões, categorias e sistemas. Provavelmente você cria listas.
Visual (espacial)
Você percebe as cores, formas e texturas. Provavelmente usa imagens para ajudar a memória, e diagramas, mapas e rabiscos quando faz anotações. Pode ter habilidade para desenhar, pintar ou esculpir.
Física (ou cinestésico-corporal)
Você gosta de exercícios físicos, esportes e dança. Tem uma tendência a ficar de pé na primeira oportunidade, seja numa reunião ou numa festa.Você aprende arregaçando as mangas e entrando em ação.
Musical
Você está sintonizado aos sons e aos ritmos. Provavelmente adquiriu o gosto de ouvir música e cantar em tenra idade. Você lembra bem músicas e melodias. A música tem grande impacto no seu estado de espírito.
Emocional (ou intrapessoal)
Você tende a olhar para dentro de si mesmo, numa busca constante por autoconhecimento. Talvez mantenha um diário. Gosta de ter tempo para refletir e lida bem com suas emoções.
Social (interpessoal)
Você gosta da companhia dos outros e de conhecer gente nova. Demonstra altos níveis de empatia com outras pessoas.
Ambiental (naturalista)
Você é fascinado pela natureza e enxerga nela coisas que passam despercebidas a outras. Aprecia estar ao ar livre e gosta de animais.Tem forte interesse nos ambientes interno e externo do seu lar.
Espiritual
Você gosta de se confrontar com as questões fundamentais da existência. Tende a agir de acordo com os seus princípios, possivelmente questionando os modos ditos normais de se comportar, e provavelmente você cultiva crenças bem desenvolvidas.
Prática
Você gosta de fazer as coisas acontecerem. Costuma ser convocado para consertar ou montar coisas ou para encontrar soluções. Enquanto outros debatem o que precisa ser feito, você prefere pôr a mão na massa.
21 de maio de 2010
Qual é a sua inteligência? Os 10 tipos de Inteligência!
Postado por
Raphael Alves
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