Os indícios de que dispõe o Escritório de Pesquisa de Acidentes (BEA, a sigla em francês), são, até o momento ínfimos: uma dezena de mensagens automáticas enviadas pelo avião que descrevem grandes avarias destes sistemas; o testemunho de um comandante de bordo de um avião da TAM que sobrevoou a zona do acidente e disse ter visto pontos laranjas na superfície do oceano. É pouco para responder às muitas questões pendentes. "Não sabemos nada", disse um funcionário da Air France, na manhã desta terça-feira, informa o jornal francês "Le Monde".
Como explicar o silêncio da tripulação e da aeronave? O radar poderia ter recebido informação. Mas a zona em que o avião estava no suposto momento do acidente não é coberta por radares. O avião não enviou alerta de rádio e os sinais de alerta em caso de choque permaneceram silenciosos.
Esse mutismo faz supor que o drama foi brutal. Os pilotos podem ter ficado muito ocupados para tentar controlar o avião e evitar maiores problemas. Em caso de despressurização explosiva, a rarefação instantânea do oxigênio e uma temperatura de -70º Celsius os paralisaram. E, claro, os dispositivos de posicionamento foram destruídos no momento do choque com o oceano. Resta esperar que a rede de satélites geoestacionários americanos possa mostrar a trajetória do avião ou, pelo menos, a claridade provocada pela explosão.
Avião desapareceu em zona de convergência intertropical
O avião desapareceu em uma região de condições meteorológicas são execráveis, onde as massas de ar dos dois hemisférios colidem. Os ventos ascendentes podem chegar a 200 quilômetros por hora, acompanhados de violentas trovoadas, de mini-ciclones com raios e chuvas fortes. As cumulo nimbus podem chegar a 18 mil metro de altura, o que faz com que seja impossível passar por cima delas.
Os aviões são equipados cm radares meteorológicos que lhes permite contornar em centenas de quilômetro as zonas de forte turbulência. Verdadeiras caixas de Faraday, eles suportam o raio. A cada ano, uma centena de aviões da Air France é atingido por raio sem sofrer qualquer dano.
Durante a noite de 31 de maio, outros aviões percorreram a mesma rota que o Airbus desaparecido da Air France sem demostrar qualquer dificuldade. "Mas tudo é possível", Gérard Feldzer, ex-comissário de bordo. "Quando estamos presos em uma alta cumulo nimbus, é necessário lutar para segurar o avião. Podemos nos sentir como em um vazio. O avião pode mesmo começar a girar.
Com poucos indícios e restos de metal e de simuladores, o BEA pode, na maioria das vezes, explicar a sequência que culminou no desaparecimento do avião. No caso do voo AF 447, o BEA francês e a Força Aérea Brasileira (FAB) terão muito a fazer. E pode ser possível que eles não cheguem a conclusão alguma, se as caixas pretas que contém as conversas da tripulação estiverem a cinco mil metros de profundidade.
No entanto, nada está definitivamente perdido. Nos anos 90, o desaparecimento, no mar, de dois Boieng 737, no sudeste asiático, ficou por muito tempo sem explicação até um avião semelhante perder parte da fuselagem durante o voo partes.
Essa é uma hipótese a excluir para o voo Rio-Paris, dada a idade da aeronave (quatro anos), mas a memória longa dos investigadores conservará os traços necessários para a elucidação do mistério. Porque a segurança excepcional do transporte aéreo é fruto de uma análise metódica das causas de catástrofes levando em consideração os requisitos técnicos, processuais e humanos, a fim de que eles não aconteçam jamais.
2 de junho de 2009
Voo 447 teria sido vítima de condições meteorológicas execráveis e falhas técnicas?
Postado por
Raphael Alves
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