Imagine um modo de transferir arquivos da sua câmera digital para o computador sem utilizar nenhum cabo, mas com velocidade superior a qualquer outra tecnologia atual. E se você conseguisse passar gigabytes de vídeos de uma câmera filmadora para o PC em questão de segundos simplesmente encostando os dois aparelhos?
Pode parecer mais uma daquelas projeções futuristas que víamos em filmes de ficção científica dos anos 90, mas esse tipo de tecnologia já existe e muito em breve vai estar nas lojas presente em praticamente todos os produtos multimídia do mercado. Portanto esqueça os carros voadores e as máquinas de teletransporte e guarde o nome da tecnologia do futuro: TransferJet.
O que é e o que faz?
Desenvolvida pela Sony, a TransferJet é um sistema que permite a transferência de arquivos baseada em simples toques entre os aparelhos a uma velocidade incrivelmente alta. É como se você unisse o melhor do Bluetooth com a facilidade do USB, mas com diversas melhorias.
O primeiro grande destaque dessa nova tecnologia é a velocidade. Quem nunca sofreu ao tentar enviar alguns gigabytes de arquivos do computador para o MP3 Player? Com o TransferJet isso pode ser feito em apenas alguns segundos, já que, teoricamente, ele faz a troca de arquivos a uma velocidade de 560 Mbps. Para ter uma noção do que isso significa, basta imaginar que a conexão via Bluetooth 2.0 alcança, no máximo, 3 Mbps.
Porém, a grande inovação da nova tecnologia da Sony é conseguir trazer essa velocidade exorbitante às transferências a partir de um sistema de toque e aproximação. Para isso, basta você deixar dois celulares lado a lado para que eles troquem informações e dados, sem necessitar da utilização de cabos ou redes de amplo alcance. Na prática, isso poderia significar o fim da utilização de qualquer tipo de fio ou entrada física para a realização de transferências. Se, por exemplo, uma família deseja visualizar as fotos de uma viagem na televisão, bastaria posicionar a câmera ao lado da TV para que ela automaticamente exiba as imagens.
Como funciona?
O grande segredo do TransferJet é unir a velocidade da tecnologia UWB - sigla para Ultra Wide-Band, ou “banda ultralarga”, presente em equipamentos que permitem a conexão através de uma espécie de rede sem fio de curto alcance, como teclados e mouses wireless - com a facilidade dos aparelhos com NFC (sigla em inglês para Comunicação de Campo Próximo), que funcionam de maneira semelhante ao Bluetooth, ou seja, através de conexão de alta frequência.
Por utilizar um sinal de baixa frequência (4,48 GHz), o alcance máximo do sinal TransferJet é de aproximadamente 3 cm, o que permite o sistema de toque e aproximação. Além disso, dentro desse campo é possível fazer com que arquivos sejam trocados com a velocidade máxima – que na prática alcançou “apenas” 375 Mbps.
E é por causa dessa frequência abaixo das ondas de rádio e de outros componentes que é possível realizar transferências com outros equipamentos sem sofrer qualquer tipo de interferência. Com isso, você pode compartilhar dados via TransferJet com um amigo enquanto alguém ao seu lado utiliza o Bluetooth ou o sinal de internet wireless.
A Sony publicou um material online que explica detalhadamente todos os recursos e especificidades técnicas do novo recurso. Caso queira aprofundar-se no assunto, você pode conferir clicando aqui.
Toque e passe com segurança
O sistema de transferência por toque surgiu a partir do modelo japonês de metrô. No caso, os passageiros pagam as passagens em fração de segundos simplesmente encostando um cartão em um aparelho na entrada das estações. O movimento de toque era tão intuitivo que em pouco tempo o sistema de pagamento foi largamente aceito pela população.
No caso do TransferJet, a transferência de arquivos é feita de maneira semelhante ao exemplo do metrô japonês. Para enviar uma imagem, música ou até mesmo um vídeo de um celular para outro, basta encostá-los. A Sony aposta então em uma tecnologia que utiliza um movimento natural para facilitar a aceitação e o entendimento de qualquer pessoa.
À primeira vista, o curto alcance do sinal do TransferJet pode parecer uma desvantagem, mas a proposta é exatamente o oposto. Com um raio de curto alcance – apenas 3 cm –, a tecnologia é mais econômica, já que não se “força” o aparelho a buscar sinais, e oferece mais segurança do que outros métodos de troca de arquivos wireless.
Ao contrário do que acontece com o sinal de Bluetooth, por exemplo, o sistema de reconhecimento por proximidade evita que você capte um sinal indesejado de outro aparelho – quem nunca encontrou diversos celulares desconhecidos enquanto tentava enviar algum arquivo para um amigo ao lado? Além disso, também impede que transferência sofra com interferência externa de outros sinais ou que os dados sejam interceptados por outro equipamento.
Para tornar o envio ainda mais seguro, o TransferJet possibilita a criação de uma espécie de registro de aparelhos. Com isso, você pode especificar quais celulares ou câmeras têm permissão para enviar arquivos para você. Funciona de maneira semelhante ao que já vem sendo utilizado na comunicação via Bluetooth, porém, uma vez cadastrado e aceito, aquele sinal é visto como confiável e pode enviar dados automaticamente, sem necessitar de uma autorização do usuário. É claro que essas opções podem ser alteradas.
Assim como acontece com outros tipos de conexão sem fio, o TransferJet também deve procurar sinal, selecionar e autenticar usuário para então permitir a conexão. A diferença é que a nova tecnologia da Sony funciona a partir de um toque entre os aparelhos: um método mais simples, prático e incrivelmente rápido se comparado com outros.
O fim da transferência por cabos?
Ao contrário do que possa parecer, por mais que utilize um conceito semelhante, o Bluetooth não é a tecnologia que mais vai sofrer com a chegada do TransferJet. Com esse novo projeto, a Sony pretende revolucionar o modo de transferir arquivos, que até agora era ditado pelas entradas USB.
A principal diferença entre os dois modos de envio de dados, além da velocidade, é a praticidade. O já popular conhecido USB utiliza um sistema mais complexo se comparado ao TransferJet, já que necessita selecionar o arquivo, como e para onde ele será enviado. Já com a nova tecnologia, isso funcionaria de maneira automática ao aproximar o aparelho do computador, por exemplo.
Outra vantagem sobre o USB é o simples fato de não necessitar de cabos para realizar essa troca de dados. Por utilizar um sistema wireless muito próximo do Bluetooth, não existe mais a necessidade da utilização de cabos para realizar qualquer tipo de transferência, já que a tecnologia da Sony oferece um método mais seguro. Assim você não precisa mais se arriscar conectando o pendrive em computadores públicos ou ficar na mão ao tentar utilizar um leitor com defeito por causa do constante “tira e põe”.
Novos mercados, grandes horizontes
A chegada do TransferJet, além de mudar o modo de fazermos transferência, traz grandes inovações para o segmento tecnológico. A Sony propõe a criação de quiosques em que o usuário pode realizar downloads através da nova tecnologia. Com isso, bastaria você chegar a alguns desses pontos e encostar seu celular ou qualquer outro equipamento equipado com a TransferJet para ter acesso a vídeos, músicas e imagens.
Além disso, a empresa japonesa ilustra a multifuncionalidade da tecnologia com o exemplo de um parque temático, em que o usuário poderia utilizar terminais de downloads para baixar mapas e outros materiais informativos sobre o local.
Coisa do futuro já no presente
Se você acredita que esse tipo de tecnologia deve ser lançada em um futuro distante, saiba que vai ser possível encontrar um aparelho com TransferJet nas lojas mais cedo do que você imagina.
No ano passado, a Sony já divulgou diversos protótipos de produtos equipados com o novo recurso em várias feiras, como celulares, notebooks e câmeras digitais. Além disso, no final de novembro deste ano, a gigante de eletroeletrônicos lançou dois chips com TransferJet integrado.
Mas não apenas a empresa japonesa tem investido nesse novo modo de realizar transferências. Outros grandes nomes do ramo tecnológico mostraram interesse e também começaram a produzir aparelhos equipados com o TransferJet, como a Casio, Pioneer, Sharp, Panasonic, Seiko e Toshiba, que já mostrou o protótipo de um celular capaz de realizar esse tipo de troca de dados.
Outras marcas renomadas também assinaram contrato para utilizar a tecnologia da Sony em seus produtos. É o caso de Canon, Nikon, Olympus e JVC, especialistas em câmeras digitais e filmadoras, equipamentos que se beneficiarão com a novidade.
Todos os aparelhos equipados com o TransferJet vão possuir um pequeno selo indicativo com o símbolo da tecnologia, de maneira semelhante ao que acontece com aqueles que possuem suporte para Bluetooth.
Além disso, a Sony pretende lançar uma espécie de leitor para fazer a integração com equipamentos fora da tecnologia. Nos exemplos divulgados, é o acessório utilizado em uma televisão para que ela consiga acessar os arquivos de uma câmera digital.
http://www.transferjet.org/en/index.html
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