20 de outubro de 2009

Polícia sabia de ataque ao Morro dos Macacos

Pelo menos 12 pessoas morreram em confrontos neste sábado (17).
Resposta a bandidos será 'na mesma medida', diz chefe da Polícia Civil.


O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou na tarde deste sábado (17) que a polícia sabia previamente que criminosos poderiam invadir o Morro dos Macacos para disputar o controle do tráfico de drogas. O confronto, que ocorreu na madrugada e na manhã deste sábado (17), deixou pelo menos 12 mortos e 8 feridos.

Entre os mortos há dois policiais. A PM informou a prisão de um homem e a apreensão de um adolescente. O delegado Alan Turnowski, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmou que "a resposta [aos criminosos] vai vir na mesma medida". "A situação não vai ficar impune", afirmou.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou que o confronto no Morro dos Macacos não mudará a estratégia de segurança do estado. “Já tomamos as medidas necessárias para reagir a esse tipo de organização criminosa", ressaltou. "Queremos chegar a 2016 com o Rio de Janeiro em paz, durante e depois dos Jogos. Não é fácil, não é trivial."

A gravidade do caso levou a PM a montar um gabinete de gerenciamento de crise, que funciona no 6º Batalhão (Tijuca), do qual o comandante-geral da PM no Rio de Janeiro, coronel Mário Sérgio Duarte, faz parte. Mais de 2 mil policiais civis e militares vão reforçar o policiamento da Zona Norte. Para isso, folgas de policiais foram canceladas e efetivos da Baixada Fluminense e da região metropolitana do Rio serão transferidos para a capital.

Entenda o que ocorreu

O secretário de Segurança Pública disse que a polícia sabia da possibilidade de bandidos invadirem o Morro dos Macacos para disputar o controle do tráfico de drogas no local. Por isso, PMs foram destacados para a principal entrada do morro ainda no fim da noite de ontem. Ele disse que, como a área é muito grande e tem diversas entradas, não foi possível impedir que bandidos entrassem no morro e iniciassem o tiroteio com uma facção rival ainda na madrugada.

“Se você pegar o mapa, você vai ver a infinidade de acessos que têm ali”, afirmou José Mariano Beltrame, acrescentando que a polícia tem conseguido antecipar "mais de 80%" dos confrontos que ocorrem em morros. Neste caso, porém, o secretário disse ser impossível destacar policiais em quantidade suficiente para cobrir todos os acessos ao Morro dos Macacos.

Conforme Beltrame, a polícia optou por não entrar no morro ainda na madrugada, para evitar que vidas de civis fossem postas em risco. Em entrevista coletiva, ele admitiu que a polícia “pode até ter demorado um pouco” para agir, mas “planejou” a ação. “A polícia não vai entrar de madrugada [no morro]. Agimos com responsabilidade, nós temos de preservar o cidadão.”

Já pela manhã, policiais entraram no morro e um helicóptero Águia, que fazia parte da operação e sobrevoava o local, explodiu após ser atingido por tiros de bandidos. Dos seis policiais que estavam a bordo, dois morreram e dois sofreram queimaduras, sendo que um está internado em estado grave.

Mas, segundo Beltrame, o problema poderia ter sido maior, já que, antes da explosão, o piloto conseguiu pousar o helicóptero em um campo de futebol. “Tivemos um incidente triste com um helicóptero, o capitão Marcelo num ato heroico conseguiu livrar que centenas de pessoas viessem a sofrer com a queda dessa aeronave."

Ônibus incendiados

Em uma ação atribuída aos criminosos que invadiram o Morro dos Macacos, pelo menos oito ônibus foram incendiados em acessos que levam à Favela do Jacarezinho, no Jacaré, outro bairro da região. O objetivo seria desviar a atenção dos policiais para o que acontecia no Morro dos Macacos.

De acordo com o motorista Fábio Nascimento, o ônibus que dirigia foi interceptado por cerca de 15 homens armados, que determinaram: "Desce, vamos botar fogo." A viação responsável pelos coletivos tirou os ônibus de circulação alegando falta de segurança.

Um grande extensão da Zona Norte e dos subúrbios da Central do Brasil foram afetadas pela ação criminosa: Mangueira, Maracanã, São Francisco Xaiver, Riachuelo, Rocha, Sampaio, Vila Isabel, Engenho Novo, Jacaré e Méier.

O trânsito foi interditado na Avenida Marechal Rondon, na altura do Engenho Novo, e a circulação na área ficou restrita à Rua 24 de Maio, no sentido Méier. No sentido contrário, o trânsito seguia apenas Rua Barão do Bom Retiro, obrigando quem saía do Méier, com destino ao Centro da cidade, passar pelo Grajaú.

Apoio federal

O ministro da Justiça, Tarso Genro, ofereceu a Cabral o envio de homens da Força Nacional de Segurança para a contenção da violência na capital fluminense por conta do ocorrido neste sábado.

A assessoria de imprensa do ministério informou, porém, que o governador fluminense disse que não há a necessidade por enquanto da presença da Força Nacional e nem do envio de um helicóptero substituto ao que foi abatido pelos bandidos. Cabral teria dito que vai estudar as ofertas, mas descartou qualquer ajuda imediata.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou neste sábado que a Prefeitura dá total apoio às ações do governo do estado. Segundo ele, "têm combatido sem trégua as ações do crime organizado".





















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