Pelo menos 12 pessoas morreram em confrontos neste sábado (17).
Resposta a bandidos será 'na mesma medida', diz chefe da Polícia Civil.
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou na tarde deste sábado (17) que a polícia sabia previamente que criminosos poderiam invadir o Morro dos Macacos para disputar o controle do tráfico de drogas. O confronto, que ocorreu na madrugada e na manhã deste sábado (17), deixou pelo menos 12 mortos e 8 feridos.
Entre os mortos há dois policiais. A PM informou a prisão de um homem e a apreensão de um adolescente. O delegado Alan Turnowski, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmou que "a resposta [aos criminosos] vai vir na mesma medida". "A situação não vai ficar impune", afirmou.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou que o confronto no Morro dos Macacos não mudará a estratégia de segurança do estado. “Já tomamos as medidas necessárias para reagir a esse tipo de organização criminosa", ressaltou. "Queremos chegar a 2016 com o Rio de Janeiro em paz, durante e depois dos Jogos. Não é fácil, não é trivial."
A gravidade do caso levou a PM a montar um gabinete de gerenciamento de crise, que funciona no 6º Batalhão (Tijuca), do qual o comandante-geral da PM no Rio de Janeiro, coronel Mário Sérgio Duarte, faz parte. Mais de 2 mil policiais civis e militares vão reforçar o policiamento da Zona Norte. Para isso, folgas de policiais foram canceladas e efetivos da Baixada Fluminense e da região metropolitana do Rio serão transferidos para a capital.
Entenda o que ocorreu
O secretário de Segurança Pública disse que a polícia sabia da possibilidade de bandidos invadirem o Morro dos Macacos para disputar o controle do tráfico de drogas no local. Por isso, PMs foram destacados para a principal entrada do morro ainda no fim da noite de ontem. Ele disse que, como a área é muito grande e tem diversas entradas, não foi possível impedir que bandidos entrassem no morro e iniciassem o tiroteio com uma facção rival ainda na madrugada.
“Se você pegar o mapa, você vai ver a infinidade de acessos que têm ali”, afirmou José Mariano Beltrame, acrescentando que a polícia tem conseguido antecipar "mais de 80%" dos confrontos que ocorrem em morros. Neste caso, porém, o secretário disse ser impossível destacar policiais em quantidade suficiente para cobrir todos os acessos ao Morro dos Macacos.
Conforme Beltrame, a polícia optou por não entrar no morro ainda na madrugada, para evitar que vidas de civis fossem postas em risco. Em entrevista coletiva, ele admitiu que a polícia “pode até ter demorado um pouco” para agir, mas “planejou” a ação. “A polícia não vai entrar de madrugada [no morro]. Agimos com responsabilidade, nós temos de preservar o cidadão.”
Já pela manhã, policiais entraram no morro e um helicóptero Águia, que fazia parte da operação e sobrevoava o local, explodiu após ser atingido por tiros de bandidos. Dos seis policiais que estavam a bordo, dois morreram e dois sofreram queimaduras, sendo que um está internado em estado grave.
Mas, segundo Beltrame, o problema poderia ter sido maior, já que, antes da explosão, o piloto conseguiu pousar o helicóptero em um campo de futebol. “Tivemos um incidente triste com um helicóptero, o capitão Marcelo num ato heroico conseguiu livrar que centenas de pessoas viessem a sofrer com a queda dessa aeronave."
Ônibus incendiados
Em uma ação atribuída aos criminosos que invadiram o Morro dos Macacos, pelo menos oito ônibus foram incendiados em acessos que levam à Favela do Jacarezinho, no Jacaré, outro bairro da região. O objetivo seria desviar a atenção dos policiais para o que acontecia no Morro dos Macacos.
De acordo com o motorista Fábio Nascimento, o ônibus que dirigia foi interceptado por cerca de 15 homens armados, que determinaram: "Desce, vamos botar fogo." A viação responsável pelos coletivos tirou os ônibus de circulação alegando falta de segurança.
Um grande extensão da Zona Norte e dos subúrbios da Central do Brasil foram afetadas pela ação criminosa: Mangueira, Maracanã, São Francisco Xaiver, Riachuelo, Rocha, Sampaio, Vila Isabel, Engenho Novo, Jacaré e Méier.
O trânsito foi interditado na Avenida Marechal Rondon, na altura do Engenho Novo, e a circulação na área ficou restrita à Rua 24 de Maio, no sentido Méier. No sentido contrário, o trânsito seguia apenas Rua Barão do Bom Retiro, obrigando quem saía do Méier, com destino ao Centro da cidade, passar pelo Grajaú.
Apoio federal
O ministro da Justiça, Tarso Genro, ofereceu a Cabral o envio de homens da Força Nacional de Segurança para a contenção da violência na capital fluminense por conta do ocorrido neste sábado.
A assessoria de imprensa do ministério informou, porém, que o governador fluminense disse que não há a necessidade por enquanto da presença da Força Nacional e nem do envio de um helicóptero substituto ao que foi abatido pelos bandidos. Cabral teria dito que vai estudar as ofertas, mas descartou qualquer ajuda imediata.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou neste sábado que a Prefeitura dá total apoio às ações do governo do estado. Segundo ele, "têm combatido sem trégua as ações do crime organizado".
20 de outubro de 2009
Polícia sabia de ataque ao Morro dos Macacos
Postado por
Raphael Alves
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