Conexões em alta velocidade ainda são privilégio para poucos, mas essa realidade está mudando para melhor.
Vídeos, jogos, música, interatividade. Milhões de bits por segundo viajando na velocidade da luz pelos quatro cantos do planeta. Construindo um mundo virtual na tela do seu computador. Para aproveitar a Internet do século XXI é preciso velocidade. A tal de Banda Larga.
O problema é que a grande maioria dos brasileiros navega assim, desse jeito, se arrastando nas lentas conexões discadas, aos trancos e barrancos, ficando bem longe das maravilhas do mundo novo digital. Há uma explicação para isso.
Em uma pesquisa feita pelo comitê gestor da Internet no Brasil, pouco mais da metade dos usuários de todo o país disseram que não tem como pagar o alto custo da conexão em banda larga: mais de R$ 100 por mês.
Por isso, os provedores preferem investir devagar na ampliação da internet super rápida. Mesmo assim, o Brasil ainda está entre os dez países onde mais se usa a banda larga no mundo.
Em São Paulo, Reinaldo ainda lembra do tempo em que tinha que correr para fazer seus projetos de arquitetura e entregar tudo nas mãos para o cliente. Depois que começou a usar banda larga, o papel acabou. Nada de canudos. Vai tudo pelo computador. "Eu não preciso mais ir no banco, via de regra não preciso muito mais no escritório, não preciso mais visitar cliente para discutir proposta, proposta vem pela internet". Se bobear, seu cliente nem lembra mais do seu rosto. "Só na hora de pagar", brinca o arquiteto, Reinaldo Franco.
A banda larga de Reinaldo é diferente. Ele está ligado à internet por fibra ótica, em uma velocidade 30 vezes maior que a banda larga tradicional oferecida no mercado e pelo mesmo fiozinho iluminado, chegam na casa dele a linha telefônica, a TV a cabo e a internet.
A operadora responsável pela conexão diz que o futuro é a ligação ultra velóz com a grande rede. Velocidades de 40, 50, 60 megabits por segundo. Suficientes para baixar um filme inteiro em alta definição em apenas nove minutos. E ainda pode ser mais rápido.
A tecnologia disponível hoje no Brasil possibilita às operadoras oferecer ligação à Internet em inimagináveis 300 Megabits por segundo. Neste caso, o mesmo filme em alta definição chegaria na sua casa no tempo que levei para dizer toda esta frase: nove segundos. "Acho que a internet de amanhã vai trazer muito mais experiências relacionadas a vídeo, mas eu não consigo enxergar um outro tipo de necessidade para velocidades tão altas que não seja o vídeo", afirma o Presidente da NET Serviços, José Antônio Félix.
E o futuro já está em fase de testes: no telão, conhecemos como funcionará a TV ligada à internet ultra rápida. Você escolhe o programa e, em segundos, ele se abre na tela da sua casa como mágica, em altíssima resolução.
Mas como funciona a banda larga? O engenheiro explica: na verdade, a velocidade de transmissão quase não mudou desde o início da Internet. "Tudo começa no emissor da informação, que está em qualquer parte do mundo. Ele manda um comando através do computador, esse programa compacta essas informações e transforma em pequenos pacotes. Cada pacote tem seu próprio endereço. Isso vai navegando pela internet por caminhos distintos. E chegam até o destinatário. No destinatário todo o pacote é reagrupado novamente e a informação chega para o usuário final", explica o Diretor de Produtos Residenciais da Telefônica, Márcio Fabbris.
Na banda larga, a quantidade de pacotes enviada de cada vez é bem maior. Portanto, os arquivos são montados muito mais rapidamente. Mas a sede dos usuários por banda larga costuma ser maior do que o acesso disponível. Por isso, pode acontecer uma espécie de "congestionamento" na rede oferecida pelos provedores. Muita gente conectada ao mesmo tempo faz as velocidades caírem. E, às vezes, o que era para ser 10, 20 megabits por segundo, cai para menos de um.
Situação prevista por alguns provedores nas letrinhas miúdas dos contratos. "De acordo com o Código de Defesa do Consumidor são cláusulas que são nulas e totalmente questionáveis. Vale aquilo que foi ofertado para o consumidor: se vendeu um mega, é um mega que tem que ser fornecido", explica a advogada do Idec, Daniela Trettel.
Enquanto a solução não vem, a tecnologia avança e a grande rede aumenta. Olhe bem para este poste: tem algo novo correndo na rede elétrica de Porto Alegre e de várias outras cidades do país. Agora, as tomadas também trazem a internet banda larga para a tela dos computadores.
Um sistema engenhoso, um modulador de sinal ligado à rede de internet, já existente, gera uma frequência especial e a introduz nos fios de eletricidade.
Dependendo do tamanho da rede, é preciso instalar amplificadores de sinal nos postes, a cada 500 metros.
Depois, ao chegar na tomada de uma casa, um modem especial identifica o sinal nos fios e os transforma em informação. Em uma escola, no bairro da Restinga, na periferia de Porto Alegre, as crianças já festejam a chegada da banda larga na sala de aula. A professora também. "A internet para a gente é super importante. A gente tinha uma internet muito lenta e levava uns cinco, dez minutos, dependendo do site, do que a gente quisesse acessar para poder abrir e a aula era de 50 minutos. Ou seja, a metade da aula era perdida e aí o aluno ficava impaciente e acaba que não tem aula", conta a professora.
A rede, que já tem quatro quilômetros de extensão, faz parte de um teste feito pela prefeitura de Porto Alegre, que agora só espera o sinal verde das agências reguladoras. "Nós temos duas grandes agências reguladoras que vão estar envolvidas: a Anatel e a Aneel. A Anatel já regulou a parte do produção dos equipamentos em termos de suas características para ser homologado. Falta agora a agência que regula o uso dessas redes definir como elas serão utilizadas", explica o Diretor-presidente da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre, André Kulczynski;
A previsão é que a regulamentação completa aconteça no próximo semestre. O que os internautas esperam agora é que, com mais essa larga porta aberta para a grande rede, o preço da banda larga fique bem menor.
29 de maio de 2009
Banda larga é futuro ou presente da internet no Brasil?
Postado por
Raphael Alves
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